segunda-feira, 28 de maio de 2007

A Guerra Santa

As tensões entre Israel e Palestina têm-se acentuado ao longo dos anos, com várias oscilações: umas vezes piora, outras melhora, mas sempre neste impasse. As constantes demonstrações e "provas" de que um é melhor que o outro, ou que um tem mais direitos que o outro, são frequentes. Do meu ponto de vista, pode-se até afirmar que estes dois grupos (Israel e seus apoiantes versus Palestina e seus apoiantes) são comparáveis com as super potências que caracterizaram a Guerra Fria. No entanto, ao contrário das super potências daquela altura, estes vivem em constantes confrontos militares.

O mais incrível é que este conflito começou com uma questão de impostos há milhares de anos, em que a tribo de Judá (agora Israel) tinha mais direitos que as restantes tribos (hoje misturadas com os Ismaelitas e outros povos formaram a Palestina). Acontece que, esta situação agravou-se, á qual se juntou questões territoriais, religiosas e ideológicas.

Algumas pessoas poderão argumentar que Israel é o principal culpado dos conflitos gerados, porque conquistou territórios a outros que não os seus. Porém, eu digo que, esse argumento não é totalmente válido porque temos de ter em conta, pelo menos, duas questões:

- Primeiro, antes de falarmos de Israel quanto às suas conquistas temos de ter em atenção que nós, Portugueses, também construímos o nosso país através de conquistas, nomeadamente contra Espanhóis e Muçulmanos! Além disso, também conquistámos terras além fronteiras e oprimimos os povos nativos desde a época dos Descobrimentos até tempos bem recentes. O que valeu a Portugal foi as suas colónias não fazerem fronteira com o nosso país!

- Um outro ponto de vista em relação à conquista é o contexto histórico dessas mesmas conquistas! O povo hebreu era uma nação numerosa e sem pátria e que, durante muitos anos, foi escravizado no Egipto e em outras potências como a Antiga Babilónia e a Pérsia! Ora, é muito natural que, após anos de opressão e anos no deserto, os hebreus suspirassem por uma terra própria e, claro, que fosse fértil, ou seja, a Mesopotâmia. E a única forma de o fazer seria conquistar territórios! Além disso, era essa a forma como os povos daquela altura viviam, conquistando territórios uns aos outros e sucedendo-se uns aos outros, como foi o caso das já referidas Babilónia e Pérsia. É óbvio que, hoje em dia, isto é inadmissível, mas foi isso que moldou a nossa história e o Mundo em que vivemos, por mais injusto/justo que seja. E a História é para isso mesmo: para nos ensinar a conviver com as Nações e promover a democracia, mas para chegar aqui foram necessárias muitas revoluções. No entanto, não podemos continuar utilizando a guerra como forma de atingir os nossos fins, pois o Mundo é totalmente diferente e cada vez mais ligado entre si através da Globalização. Por isso, para que possamos ter estabilidade, convém recorrer á diplomacia.

Contudo, o problema de Israel não é só esse. Por mais que eles o não admitam, os israelitas estão a lidar com e lutar contra gerações da sua própria família, para além das descendências dos povos não conquistados e outros que foram subjugados ao poder israelita! E, nem mesmo assim, são capazes de se entenderem! As linhas para uma paz definitiva já foram lançadas nos Acordos de Camp David e nos Acordos de Taba, mas sempre que se tenta uma resolução dos conflitos, acontecem ataques terroristas! Ora, o Terrorismo é guerra. No entanto, há diferenças entre Terrorismo e Guerra com letra grande: enquanto que Guerra tem legislação, o Terrorismo não o tem, e este já atingiu a escala planetária! Além disso, não estamos a lidar com duas pessoas para fazer paz, mas sim com milhares de uma lado e milhares do outro. Uns querem a paz, outros preferem morrer por Alá! Ora, por muito que eu seja religiosa e por mais que eu acredite na vida para além da terrena não devo pôr em causa a vida da Humanidade e a sua sobrevivência. Se não, por qual é a razão que nós nascemos e vivemos neste mundo? Para causar terror? Vivemos para matar? Já não basta termos de morrer de morte natural? É isto o que os terroristas pensam? Afirmam que morrem por aquilo que acreditam, causando terror no mundo, para obter a vida eterna? Eu posso morrer por aquilo que acredito lutando pela paz e sem causar toda esta instabilidade!

Por mais que eu entenda a posição dos terroristas, ou seja, de o terror ser a única forma de chamarem a atenção da Comunidade Internacional, há que se notar que os que incitam as populações ao terror, e por mais que acreditem em Alá, eles são cultos o suficiente para saberem que há a diplomacia, e que há outras vias! Mas usam a religião como desculpa, assim como, infelizmente, os cristãos o fizeram, e incitam os fracos a morrerem por uma causa "perdida" (note-se, entre aspas porque é causa perdida para os ocidentais, para eles é algo que valha a pena), pois este não é o mundo que eles imaginam ser! Nós vivemos numa sociedade global tal que não vai ser fácil para os Muçulmanos conquistarem de novo os territórios que já foram seus! E é desta maneira que nós vemos a distância em séculos que estamos de uns para os outros!

Concluindo, vivemos uma situação global, e os conflitos israelo-árabes reflectem essa mesma situação! No fundo, esta situação de apocalipse do combate ideológico já havia sido predito! Agora só temos é de nos preparar para entrar na "Guerra ideológica" e fomentar a paz e, além de ter esperança, passar desta à acção! Se não for neste geração, que preparemos os líderes do futuro!


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